A cidade de Hamamatsu, conhecida por sua grande comunidade brasileira no Japão, foi palco de um evento memorável: o Talk Show com Zico, que reuniu fãs, admiradores e representantes da Fujiarte para uma noite de reflexões e trocas de experiências. O evento celebrou a trajetória do ídolo no Japão e sua influência na conexão entre Brasil e Japão, promovendo um diálogo inspirador sobre cultura, oportunidades e legado.
Durante a ocasião, Zico concedeu uma entrevista exclusiva para a Fujiarte, na qual compartilhou suas visões sobre trabalho, respeito cultural, espiritualidade e os aprendizados que acumulou ao longo de mais de duas décadas vivendo no Japão. Confira:
Hoje vamos falar sobre a Fujiarte, uma empreiteira com mais de 60 anos no mercado, que conta com mais de 10 mil funcionários e é uma das empresas que mais emprega brasileiros no Japão. Qual a importância dessa ponte criada por empresas como a Fujiarte entre Brasil e Japão?
Zico: “É fundamental. Especialmente para quem enfrenta dificuldades para encontrar trabalho, é muito bom ver empresas que atendem bem a esse mercado, especialmente aos brasileiros. Mais da metade dos funcionários da Fujiarte são brasileiros. Eu sempre digo: aproveitem ao máximo essa oportunidade. Mostrem o seu melhor, cresçam e contribuam. Quando você se destaca, abre portas o seu futuro e de outros.”
Zico enfatiza a importância de vestir a camisa de quem oferece oportunidades: “É essencial buscar aperfeiçoamento, estar atento ao que você faz e fazer tudo da melhor maneira possível.”
A sua trajetória reflete essa conexão entre Brasil e Japão. Assim como os trabalhadores brasileiros têm essa chance com empresas japonesas, você teve uma grande oportunidade em um time japonês. Como foi essa experiência?
Zico: “Desde o início, eu sabia que, mesmo sendo bem recebido, seria sempre um estrangeiro aqui. É preciso respeitar a cultura local e mostrar o seu valor. Quando cheguei, foquei em transmitir meu conhecimento para contribuir com o desenvolvimento do futebol no Japão. Graças a Deus, deu certo.”
Você é chamado de “Deus do Futebol” no Japão. Como é receber esse apelido?
Zico: “Fico muito feliz com o legado que deixei, mas sempre deixo claro que a palavra “Deus” aqui não se refere ao Supremo, mas sim ao reconhecimento de alguém que acreditou em um esporte, transmitiu conhecimento e ajudou a torná-lo o mais praticado no país. Isso é muito gratificante, mas mantenho os pés no chão.”
Zico explica que a espiritualidade é essencial para manter o equilíbrio: “Sei quem sou, o que fiz e continuo aprimorando meus conhecimentos para transmiti-los às novas gerações.”
Você tem escolas de futebol pelo Brasil, Japão e Estados Unidos. Como é essa experiência?
Zico: “Trabalhar com crianças é um privilégio. É importante transmitir conhecimento e ajudar a formar a próxima geração. Eu me dedico com muito cuidado e atenção a esse trabalho.”
Um momento especial foi quando você carregou a Tocha Olímpica no Japão. Como foi isso?
Zico: “Foi emocionante e inesperado. Eu esperava fazer isso no Brasil, mas infelizmente não aconteceu. Quando o comitê olímpico japonês me convidou, fiquei imensamente grato. Foi um dos momentos mais bonitos e emocionantes da minha vida.”
Mais da metade da sua carreira foi vivida no Japão. O que você leva como maior aprendizado dessa experiência?
Zico: “O que mais me marcou foi a preocupação que os japoneses têm com o ser humano. Tudo aqui é feito pensando na proteção e no bem-estar das pessoas. Quando criei minha academia no Rio, baseei-me nas normas japonesas de segurança. Em quase 30 anos, nunca tivemos um acidente. Essa mentalidade de cuidado com o próximo é inspiradora.”
Com uma trajetória que transcende o futebol, Zico é um exemplo de como respeito, dedicação e conhecimento podem transformar vidas e aproximar povos. Sua história no Japão reforça que, assim como no esporte, no trabalho também é essencial vestir a camisa, aproveitar oportunidades e dar o seu melhor.
O evento foi uma grande celebração dessa conexão entre Brasil e Japão, com a Fujiarte marcando presença ao lado de um dos maiores ídolos do futebol mundial.
Confira a matéria completa do evento aqui
Reporter: Érika Okazaki (Playground Media Solution)
Fotos: Jonathan Sander