Entrevista com Thaís Sakay: Vida, Trabalho e Criação de Conteúdo no Japão

Thaís Sakai, uma brasileira que construiu sua vida no Japão fala um pouco sobre sua rotina e como encontrou na criação de conteúdo uma forma de compartilhar sua rotina e descobertas. Morando em Nagano desde 2021 e trabalhando na indústria de componentes eletrônicos por meio da Fujiarte, Thaís equilibra o dia a dia na fábrica com sua paixão por mostrar o cotidiano da comunidade brasileira e as belezas da região. Veja como foi a conversa que mistura rotina, trabalho, criação de conteúdo e a experiência de viver em uma das regiões mais frias e belas do Japão. Poderia começar se apresentando? Thaís: Meu nome é Thaís Sakai, tenho 38 anos e moro na região de Nagano desde 2021. Trabalho em fábrica, como muitos brasileiros aqui da região. Você trabalha na fábrica através da Fujiarte, certo? E qual é a sua função? Thaís: Sim, trabalho em uma fábrica que produz componentes eletrônicos. Minha função envolve operar máquinas e realizar o kensa (inspeção de qualidade). Como é a sua rotina de trabalho? Thaís: Minha rotina segue o esquema 4×2, ou seja, trabalho quatro dias e folgo dois, com turnos alternados entre diurno e noturno. Desde que cheguei ao Japão, sempre trabalhei nesse ritmo, então já estou bem adaptada. Sei que para muitos brasileiros essa rotina pode ser cansativa, mas com o tempo a gente acostuma. Você veio para o Japão em 2021 e já começou na Fujiarte? Thaís: Na verdade, cheguei ao Japão no início de 2017 e morei em outra região antes de vir para Nagano. Já trabalhava pela Fujiarte em um serviço semelhante, com o mesmo tipo de turno. Sua família está com você no Japão? Thaís: Sim, meu marido está aqui comigo. Trabalhamos na mesma fábrica e no mesmo horário desde que chegamos. Além do trabalho na fábrica, você também cria conteúdos sobre a sua região. Como isso começou e quando virou uma parceria com a Fujiarte? Thaís: Sempre gostei de acompanhar criadores de conteúdo, principalmente no YouTube. Quando vim para o Japão, assistia muitos vídeos sobre o dia a dia por aqui. No começo, não imaginava que eu mesma criaria conteúdos, mas fui despertando essa vontade de compartilhar o meu ponto de vista sobre a vida no Japão—desde uma simples ida ao mercado até curiosidades sobre produtos locais. Comecei a postar vídeos espontaneamente, mostrando a minha rotina e a região onde eu morava. Foi algo natural. Um dia, o pessoal do escritório da Fujiarte entrou em contato perguntando se havia alguém que já produzia conteúdo. Assim, conheci o Tamura, que é o resposável da matriz, e comecei a compartilhar vídeos sobre Nagano. Eles gostaram e passaram a repostar no Instagram da Fujiarte. Desde então, essa parceria foi crescendo. Também tive a oportunidade de participar de uma live com o Johnny Sasaki, o que foi uma experiência incrível! Foi algo muito orgânico, então? Você já criava os conteúdos antes mesmo da parceria acontecer? Thaís: Exatamente! Eu já produzia os vídeos porque gostava, sem pensar em transformar isso em algo maior. Quando a Fujiarte entrou em contato, foi apenas um reflexo do que eu já fazia naturalmente. Você gosta dessa troca com as pessoas através dos seus conteúdos? Thaís: Sim, mas no começo foi um desafio, porque sou uma pessoa tímida. No entanto, gravar sozinha, só com o celular na mão, me deixou mais confortável. Isso me ajudou a melhorar minha comunicação e me soltar mais. Sei que na internet há espaço para todo tipo de criador de conteúdo, desde os mais extrovertidos até os mais reservados, e acho que muitas pessoas acabam se identificando comigo por isso. Você veio para o Japão direto pela Fujiarte? Thaís: Não. Inicialmente, vim por indicação de um primo e entrei em um serviço que não era por empreiteira. Três meses depois, conheci a Fujiarte e consegui um emprego com eles. Você já tinha algum conhecimento de japonês antes de vir? Thaís: Tinha um pouco de familiaridade por causa do meu avô, que era japonês. Quando criança, meus pais vieram para o Japão trabalhar, em 1996, e nessa época estudei em escola japonesa. Então, de certa forma, o idioma e os costumes já eram um pouco presentes na minha vida. Hoje, seu conteúdo está mais focado em Nagano ou você ainda aborda temas gerais sobre o Japão? Thaís: Atualmente, meus conteúdos estão mais voltados para Nagano. Antes, eu fazia temas mais diversos, mas, ultimamente, tenho priorizado mostrar a região onde moro, até por ser mais viável nas minhas folgas. Se alguém vier para Nagano, quais são os lugares imperdíveis? Thaís: Um dos lugares que eu sempre quis conhecer e finalmente visitei foi o Snow Monkey Park. Desde criança, eu via fotos dos macacos nas águas termais nos livros da escola e nunca imaginei que um dia estaria lá vendo isso de perto. É um passeio incrível! Os macacos ficam relaxando na água quentinha, tem filhotinhos… é uma experiência única. Como você equilibra o trabalho na fábrica, a produção de conteúdo e a vida pessoal? Thaís: Trabalhando no esquema 4×2, fica difícil dar conta de tudo sozinha. Felizmente, meu marido me ajuda bastante com as tarefas de casa, porque se fosse tudo para uma única pessoa, seria impossível. Nas minhas folgas, tento encaixar a produção de conteúdo. Os dias mais produtivos são os das semanas em que trabalho de dia, pois consigo descansar melhor e aproveitar melhor o tempo livre para sair, visitar lugares e gravar. A produção de conteúdo acaba sendo uma consequência da sua vida cotidiana? Thaís: Exato. Muitas vezes, um simples passeio já vira um conteúdo. Se vejo uma rua bonita, já penso em fotografar ou gravar algo. Tento sempre enxergar possibilidades de conteúdo em tudo ao meu redor. Como é viver em Nagano? Thaís: Muita gente tem a impressão de que Nagano é só frio e montanhas, mas é uma região muito boa para se viver. A comunidade brasileira aqui é menor, e isso cria um certo receio em algumas pessoas que pensam em morar aqui. Mas tirando o frio,
ENTREVISTA ESPECIAL: Dunga, ex-capitão da seleção brasileira e ídolo do Jubilo Iwata

Como você se sente em relação aos brasileiros que estão morando no Japão? Dunga: Ver que os brasileiros estão sendo respeitados pelos japoneses e pelas empresas em que trabalham me enche de orgulho. Um brasileiro que vem para cá e faz a diferença, mostrando seu talento e sua capacidade, é motivo de grande satisfação para mim. Na sua visão, além do esforço individual, o reconhecimento dos outros também tem um papel importante na nossa trajetória? Dunga: O inimigo está sempre por perto, seja nos bons ou nos maus momentos. O que eu realmente quero saber é: quando alcançamos o sucesso, quem está ao nosso lado para nos parabenizar e reconhecer nossa vitória? Esse é o verdadeiro amigo, aquele que celebra nossa evolução. Na adversidade, muitos compartilham as lágrimas, mas o que realmente importa é saber quem comemora nossas conquistas.
Entrevista com Ryoji Moriyama, presidente da Fujiarte do Brasil

Para marcar os 20 anos de atuação da Fujiarte no Brasil, tivemos a oportunidade de entrevistar Ryoji Moriyama, presidente da empresa no país. Com uma trajetória que conecta o Japão e o Brasil, Moriyama compartilhou sua história, desafios e oportunidades no setor de recrutamento de mão de obra para o Japão. Uma trajetória entre Japão e Brasil Então, primeiro, poderia se apresentar e contar um pouco sobre sua história? De onde vem, como foi essa ligação com o Brasil e também como chegou à Fujiarte? Moriyama: Nasci no Japão, na província de Miyazaki, na cidade de Nichinan, uma região interiorana. Vivi lá até os 18 anos, quando me mudei para Nagoya para trabalhar e estudar. Durante esse período, trabalhei em uma fábrica para me sustentar. Foi lá que conheci minha esposa, que é brasileira e sansei. Na fábrica, havia cerca de 80 brasileiros, e logo comecei a me aproximar deles, jogando vôlei e futebol. Acabei me casando com uma brasileira e, em 1998, vim para o Brasil. Hoje, já estou há 26 anos no país, vivendo em São Paulo com minha esposa. Nosso filho, de 22 anos, estuda agronomia no interior paulista. Minha trajetória no setor de recrutamento começou em 2000, quando comecei a trabalhar em uma agência voltada ao mercado dekassegui. Em 2004, conheci a Fujiarte e, em 2011, recebi um convite para integrar oficialmente a equipe. Desde então, sou responsável pelo atendimento e recrutamento da Fujiarte no Brasil. Adaptação ao Brasil e aprendizado do idioma Onde aprendeu português? Sua fluência é impressionante! Moriyama: Aprendi na convivência, falando errado e sendo corrigido. No início, em 1998, minha esposa falava japonês, então usávamos muito nossa língua. Mas, em 2000, decidi focar no português, especialmente por causa do trabalho na agência. Traduzi muitos documentos e fui aprendendo aos poucos. O senhor mencionou que foi para Nagoya em 1992. Já tinha contato com brasileiros antes disso? Moriyama: Não, meu primeiro contato com estrangeiros foi em Nagoya. Onde eu nasci, não havia estrangeiros. Quando conheci brasileiros pela primeira vez, achei interessante e aprendi muito sobre a cultura e as histórias de vida deles. Ingresso na Fujiarte e desafios no recrutamento Como foi seu envolvimento inicial com a Fujiarte? Moriyama: Conheci a Fujiarte em 2004, enquanto trabalhava em outra agência. Em 2011, fui convidado para trabalhar diretamente com eles, como gerente comercial. Meu papel era entrevistar candidatos e apresentá-los a empresas japonesas. Naquele período, muitas empresas japonesas começaram a expandir suas operações no Brasil, o que gerou uma grande demanda por profissionais bilíngues. Diferenças culturais e vida entre Brasil e Japão A cultura da Fujiarte do Brasil é semelhante à do Japão? Moriyama: A essência da cultura é a mesma, mas no Brasil adaptamos muitas coisas. As leis trabalhistas brasileiras são diferentes, e o diretor japonês precisa se acostumar com isso. Por exemplo, explicar o 13º salário ou o mês de férias é sempre interessante, pois são conceitos novos para eles. E hoje, onde prefere estar: no Japão ou no Brasil? Moriyama: Já me acostumei ao Brasil. Aqui, sinto que estou em casa. Gosto do ambiente descontraído e das conversas no escritório, algo bem diferente do Japão. Quando vou ao Japão, fico feliz em visitar, mas sempre quero voltar logo para o Brasil. O que mais aprecia no Brasil? Moriyama: A liberdade e o calor humano. O ambiente de trabalho aqui é mais leve e acolhedor. Apesar das diferenças culturais, aprendi a valorizar o que cada país tem de melhor e me sinto muito grato por poder viver e trabalhar aqui. A comunidade nikkei e o impacto da imigração asiática no Japão Sua esposa é sansei. Isso influencia a forma como vê a comunidade nikkei no Japão? Moriyama: Sim, minha esposa é sansei e está na faixa dos 50 anos. Quando olhamos para a comunidade, vemos que os sansei já estão envelhecendo e há menos jovens nessa geração. No entanto, os yonsei, que cresceram no Japão e frequentaram escolas como shōgakkō, chūgakkō e kōkō, têm ganhado espaço. Muitos até concluíram o ensino superior e se estabeleceram no Japão. Os yonsei têm mostrado interesse em trabalhar no Japão? Moriyama: Com certeza. Já tivemos casos de yonsei que começaram a trabalhar conosco, conheceram outras pessoas da comunidade e se estabeleceram aqui. Porém, há desafios, como a questão do visto. Se o governo japonês liberar permissões semelhantes às dos sansei, acredito que isso incentivará mais yonsei, jovens de 20 a 30 anos, a virem para o Japão. O recrutamento e o futuro da Fujiarte Qual é o foco da operação da Fujiarte no Brasil? Moriyama: Nossa principal função no Brasil é recrutar mão de obra para trabalhar no Japão. Também atuamos com empresas japonesas no Brasil, conectando trabalhadores que já têm experiência com a cultura japonesa. Cerca de 90% das pessoas recrutadas vão para o Japão. Como funciona o processo de recrutamento? Moriyama: Antes da pandemia, realizávamos entrevistas presenciais, visitando até as casas de candidatos no interior de São Paulo. Fora do estado, usávamos vídeos. Com a pandemia, adotamos ferramentas como Zoom, Google Meet e WhatsApp, o que nos permitiu atender candidatos de lugares mais distantes, como Manaus. Hoje, tudo é feito virtualmente. Mensagem final e comemoração dos 20 anos da Fujiarte do Brasil A Fujiarte está se preparando para celebrar 20 anos. Pode nos contar mais sobre isso? Moriyama: Sim! Em fevereiro de 2025, vamos comemorar nossos 20 anos com um evento especial. Vamos reunir parceiros e colaboradores para um jantar comemorativo. Será uma oportunidade para celebrar todas as conquistas e reforçar os laços que construímos ao longo desses anos. Para encerrar, qual mensagem gostaria de deixar para os leitores? Moriyama: Minha mensagem é que todos busquem trabalhar com dedicação e propósito. Não vejam o trabalho apenas como uma obrigação, mas como uma oportunidade de crescimento e aprendizado. E, principalmente, mantenham a mente aberta para novas experiências. No Japão, aprendemos muito com os pequenos detalhes – a educação, a cultura, as estações. Aproveitem cada momento e busquem a abundância em todas as áreas da vida.
Entrevista com Zico, o “Deus do Futebol” do Japão

A cidade de Hamamatsu, conhecida por sua grande comunidade brasileira no Japão, foi palco de um evento memorável: o Talk Show com Zico, que reuniu fãs, admiradores, empresários, e representantes da Fujiarte para uma noite de reflexões e trocas de experiências. O evento celebrou a trajetória do ídolo no Japão e sua influência na conexão entre Brasil e Japão, promovendo um diálogo inspirador sobre cultura, oportunidades e legado. Durante a ocasião, Zico concedeu uma entrevista exclusiva para a Fujiarte, na qual compartilhou suas visões sobre trabalho, respeito cultural, espiritualidade e os aprendizados que acumulou ao longo de mais de duas décadas vivendo no Japão. Confira: Hoje vamos falar sobre a Fujiarte, uma empreiteira com mais de 60 anos no mercado, que conta com mais de 10 mil funcionários e é uma das empresas que mais emprega brasileiros no Japão. Qual a importância dessa ponte criada por empresas como a Fujiarte entre Brasil e Japão? Zico: “É fundamental. Especialmente para quem enfrenta dificuldades para encontrar trabalho, é muito bom ver empresas que atendem bem a esse mercado, especialmente aos brasileiros. Mais da metade dos funcionários da Fujiarte são brasileiros. Eu sempre digo: aproveitem ao máximo essa oportunidade. Mostrem o seu melhor, cresçam e contribuam. Quando você se destaca, abre portas o seu futuro e de outros.” Zico enfatiza a importância de vestir a camisa de quem oferece oportunidades: “É essencial buscar aperfeiçoamento, estar atento ao que você faz e fazer tudo da melhor maneira possível.” A sua trajetória reflete essa conexão entre Brasil e Japão. Assim como os trabalhadores brasileiros têm essa chance com empresas japonesas, você teve uma grande oportunidade em um time japonês. Como foi essa experiência? Zico: “Desde o início, eu sabia que, mesmo sendo bem recebido, seria sempre um estrangeiro aqui. É preciso respeitar a cultura local e mostrar o seu valor. Quando cheguei, foquei em transmitir meu conhecimento para contribuir com o desenvolvimento do futebol no Japão. Graças a Deus, deu certo.” Você é chamado de “Deus do Futebol” no Japão. Como é receber esse apelido? Zico: “Fico muito feliz com o legado que deixei, mas sempre deixo claro que a palavra “Deus” aqui não se refere ao Supremo, mas sim ao reconhecimento de alguém que acreditou em um esporte, transmitiu conhecimento e ajudou a torná-lo o mais praticado no país. Isso é muito gratificante, mas mantenho os pés no chão.” Zico explica também que a espiritualidade é essencial para manter o equilíbrio: “Sei quem sou, o que fiz e continuo aprimorando meus conhecimentos para transmiti-los às novas gerações.” Você tem escolas de futebol pelo Brasil, Japão e Estados Unidos. Como é essa experiência? Zico: “Trabalhar com crianças é um privilégio. É importante transmitir conhecimento e ajudar a formar a próxima geração. Eu me dedico com muito cuidado e atenção a esse trabalho.” Um momento especial foi quando você carregou a Tocha Olímpica no Japão. Como foi isso? Zico: “Foi emocionante e inesperado. Eu esperava fazer isso no Brasil, mas infelizmente não aconteceu. Quando o comitê olímpico japonês me convidou, fiquei imensamente grato. Foi um dos momentos mais bonitos e emocionantes da minha vida.” Mais da metade da sua carreira foi vivida no Japão. O que você leva como maior aprendizado dessa experiência? Zico: “O que mais me marcou foi a preocupação que os japoneses têm com o ser humano. Tudo aqui é feito pensando na proteção e no bem-estar das pessoas. Quando criei minha academia no Rio, baseei-me nas normas japonesas de segurança. Em quase 30 anos, nunca tivemos um acidente. Essa mentalidade de cuidado com o próximo é inspiradora.” Com uma trajetória que transcende o futebol, Zico é um exemplo de como respeito, dedicação e conhecimento podem transformar vidas e aproximar povos. Sua história no Japão reforça que, assim como no esporte, no trabalho também é essencial vestir a camisa, aproveitar oportunidades e dar o seu melhor. O evento foi uma grande celebração dessa conexão entre Brasil e Japão, com a Fujiarte marcando presença ao lado de um dos maiores ídolos do futebol mundial. Confira a matéria completa do evento aqui Assista ao vídeo: Reporter: Érika Okazaki (Playground Media Solution) Fotos: Jonathan Sander
Entrevista com Isabelle Kwiatkowski: Do Brasil à modelo e influencer no Japão

Quando Isabelle Kwiatkowski embarcou para o Japão, não tinha ideia de que sua vida mudaria tanto pessoal quanto profissionalmente. Casada com um descendente de japoneses, Isabelle chegou ao Japão há dois anos e desde então tem conciliado uma rotina de trabalho em fábrica com sua crescente carreira como influencer digital. O caminho para esse sucesso, no entanto, não foi planejado — ele surgiu de forma inesperada: “Eu nunca imaginei que me tornaria uma criadora de conteúdo, muito menos no Japão”, revela Isabelle. Ao chegar ao país, começou a compartilhar seu cotidiano nas redes sociais, principalmente para mostrar aos amigos e familiares no Brasil como era a vida em terras japonesas. O que começou com vídeos simples de sua rotina diária, como idas à academia e tours pelo apartamento, logo atraiu a atenção de um público maior: “As pessoas ficavam curiosas sobre as diferenças culturais e queriam saber mais. Foi aí que percebi o potencial”, conta a influencer. Sem experiência formal com criação de conteúdo, Isabelle apostou em toda sua autenticidade e o desejo de conectar o Brasil ao Japão para cativar seguidores em plataformas como YouTube e Instagram: “No início, eu postava só por diversão, mas as pessoas começaram a interagir e querer saber mais. Foi uma evolução natural”, relembra a entrevistada. Essa jornada, que começou de forma despretensiosa, tomou novos rumos após sua participação no Brazilian Day, um desfile que celebra a cultura brasileira no Japão. Ali, ela chamou a atenção da Fujiarte, uma empresa que reconheceu seu potencial e a convidou para colaborar na criação de conteúdo voltado para a comunidade brasileira no país “Depois do desfile, me chamaram para conhecer a equipe em Osaka. Foi assim que tudo começou, e desde então, tenho colaborado com eles em diversos projetos”, relembra. Mas conciliar a vida como operária de fábrica e influencer não é uma tarefa fácil. Isabelle trabalha em turnos de 12 horas, quatro dias seguidos, seguidos de dois dias de folga. Durante esse curto intervalo, ela dedica tempo à criação de conteúdo e revela “É uma rotina puxada, mas, ao mesmo tempo, gratificante. Mesmo cansada, tento usar meus dias de folga para gravar e editar vídeos. É um trabalho que, apesar de cansativo, me diverte.” Apesar da sobrecarga, a influencer não se deixa abater. Ela sabe que seu conteúdo influencia outras pessoas, especialmente brasileiros que moram no Japão e se identificam com sua realidade “Recebo muitas mensagens de seguidores dizendo que começaram a academia ou mudaram a alimentação depois de verem minha rotina. Isso me dá ainda mais força para continuar.”, comemora Isabelle. Para Kwiatkowski, o futuro é cheio de possibilidades: “Meu maior sonho é trabalhar apenas com a internet, me dedicar 100% ao conteúdo digital. Se eu puder alcançar isso, será uma grande conquista”, afirma com brilho nos olhos. Até lá, ela continua equilibrando a vida entre os turnos de fábrica e a produção de conteúdo, inspirando outras pessoas a seguirem seus sonhos, mesmo nos momentos mais difíceis. Entre desafios e realizações, Isabelle Kwiatkowski segue trilhando seu caminho com determinação, mostrando que é possível conciliar trabalho com criatividade e sucesso no mundo digital. Sua jornada é uma prova de que oportunidades surgem quando menos esperamos — basta estarmos preparados para abraçá-las. ENTREVISTA COMPLETA: Você sempre desejou ser uma influencer? Isabelle: “Eu nunca imaginei que me tornaria uma criadora de conteúdo, muito menos no Japão, mas conforme fui produzindo conteúdos, as pessoas ficavam curiosas sobre as diferenças culturais e queriam saber mais. Foi aí que percebi o potencial. E no início, eu postava só por diversão, mas as pessoas começaram a interagir e querer saber mais. Foi uma evolução natural”, relembra a entrevistada. Você desfilou no Brazilian Day como modelo, e a partir daí, começou o seu trabalho em conjunto com a Fujiarte. Nos conte mais sobre essa experiência. Isabelle: “Depois do desfile, me chamaram para conhecer a equipe em Osaka. Foi assim que tudo começou, e desde então, tenho colaborado com eles em diversos projetos”, relembra. Como você consegue equilibrar a rotina intensa de turnos na fábrica com a criação de conteúdo digital, e o que te motiva a continuar mesmo com o cansaço? Isabelle: “É uma rotina puxada, mas, ao mesmo tempo, gratificante. Mesmo cansada, tento usar meus dias de folga para gravar e editar vídeos. É um trabalho que, apesar de cansativo, me diverte. Além disso, recebo muitas mensagens de seguidores dizendo que começaram a academia ou mudaram a alimentação depois de verem minha rotina. Isso me dá ainda mais força para continuar.”, comemora Isabelle. Quais conquistas você espera alcançar na sua carreira como influencer? Isabelle: “Meu maior sonho é trabalhar apenas com a internet, me dedicar 100% ao conteúdo digital. Se eu puder alcançar isso, será uma grande conquista”, afirma com brilho nos olhos. Confira também a entrevista com Zico, conhecido no “Deus do Futebol” do Japão
ENTREVISTA ESPECIAL: Isabela Kadoguti: Jovem Promessa do Jiu-Jitsu

Vinte e duas medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Esses são os impressionantes números que já definem a jovem promessa do jiu-jitsu, Isabela Ayumi Kitasada Kadoguti. Atualmente com 12 anos, Isabela, nascida no Brasil e atleta desde os 9, brilha nos tatames do Japão, onde mora desde os cinco anos em Toyoake-shi, com os pais e o pequeno irmão Lucas. Estudante do 6º ano em uma da escola brasileira EAS Toyota, ela equilibra a rotina escolar com os treinos intensos, superando adversárias de diversas nacionalidades. A trajetória da nossa pequena entrevistada reflete não apenas a superação de desafios físicos, mas também a adaptação cultural e social, tornando-a uma figura de inspiração para jovens atletas. Como foi o processo de adaptação da Isabela no Japão? Mãe da Isabela: “Ela ficou no Youchien, depois, foi para a primeira série, e no segundo ano que ela trocou. Por questão de bullying” relembra Catia, mãe de Isabela. “Como o corpo dela reagiu de uma forma ruim, tivemos que trocar de escola”, complementa. Mãe da Isabela: “Era só ela. Isso não ajuda, né? Só ela. Mas acho que se tivesse outras escolas, outros estrangeiros… e a escola, acho que se os professores fossem mais preparados para lidar com estrangeiros, acho que teria dado certo com a japonesa”, relata a mãe. Depois que você foi para a escola brasileira, como foi sua adaptação? Isabela: “Ah, foi melhor, porque lá elas são mais atenciosas”, conta a pequena atleta. De que maneira o jiu-jitsu entrou na sua vida? Como que foi? Isabela: “Minha mãe me colocou no balé, porque eu vi as minhas amigas fazendo e quis entrar, só que não gostei muito porque a professora era muito rígida. Aí tinha o Jiu-Jitsu, que era aqui perto de casa e meus pais perguntaram se eu queria fazer. Aí eu fui, fiz e gostei.” Mãe da Isabela: “Não tinha ninguém da família que praticava também.” Você ficou afastada do jiu-jitsu durante a pandemia do Covid-19. Como foi para você a experiência de retornar aos treinos em uma nova academia após um ano afastada? Isabela: “Entrei na Impacto em outubro de 2022 e, a partir daí, eu comecei a competir.” Como foi para você participar do seu primeiro campeonato? Isabela: “Fiquei nervosa porque era meu primeiro campeonato. Eu não sabia um pouco das regras também. Aí já no primeiro campeonato, eu consegui ganhar por ponto.“ Qual foi a história mais emocionante de um campeonato? Isabela: “Acho que a do Pan Kids, que foi lá nos Estados Unidos e é um mundial de criança. Tinham onze meninas na minha categoria e lutei quatro vezes. Finalizei três lutas e a última eu perdi por vantagem.” Como você faz para conciliar hoje essa sua rotina de treinos e estudos? Isabela: “Hoje eu acordo, tomo meu café da manhã e me arrumo para a escola. Se for terça-feira, eu treino uma hora e meia depois da escola.” Mãe da Isabela: “Ela chega em casa, só troca de roupa e vai comendo no carro, porque a academia fica a 40 minutos de distância.” Como você lida com a pressão de precisar atingir metas de pontuação cada vez mais altas nos campeonatos, e de que forma essa rotina intensa de treinos e viagens tem impactado sua vida dentro e fora dos tatames? Mãe da Isabela: “Esse ano é muito importante pra ela. Ano passado a pontuação foi acima de 100, mas esse ano ela tem que atingir mais de 200. Agora, além dos treinos normais, ela está treinando também nas terças, sábados e domingos, porque tem que correr atrás das pontuações.” Qual foi o impacto do esporte na sua vida?