Entrevista com Ryoji Moriyama, presidente da Fujiarte do Brasil

Para marcar os 20 anos de atuação da Fujiarte no Brasil, tivemos a oportunidade de entrevistar Ryoji Moriyama, presidente da empresa no país. Com uma trajetória que conecta o Japão e o Brasil, Moriyama compartilhou sua história, desafios e oportunidades no setor de recrutamento de mão de obra para o Japão.

Uma trajetória entre Japão e Brasil

Então, primeiro, poderia se apresentar e contar um pouco sobre sua história? De onde vem, como foi essa ligação com o Brasil e também como chegou à Fujiarte?

Moriyama: Nasci no Japão, na província de Miyazaki, na cidade de Nichinan, uma região interiorana. Vivi lá até os 18 anos, quando me mudei para Nagoya para trabalhar e estudar. Durante esse período, trabalhei em uma fábrica para me sustentar. Foi lá que conheci minha esposa, que é brasileira e sansei.

Na fábrica, havia cerca de 80 brasileiros, e logo comecei a me aproximar deles, jogando vôlei e futebol. Acabei me casando com uma brasileira e, em 1998, vim para o Brasil. Hoje, já estou há 26 anos no país, vivendo em São Paulo com minha esposa. Nosso filho, de 22 anos, estuda agronomia no interior paulista.

Minha trajetória no setor de recrutamento começou em 2000, quando comecei a trabalhar em uma agência voltada ao mercado dekassegui. Em 2004, conheci a Fujiarte e, em 2011, recebi um convite para integrar oficialmente a equipe. Desde então, sou responsável pelo atendimento e recrutamento da Fujiarte no Brasil.

Adaptação ao Brasil e aprendizado do idioma

Onde aprendeu português? Sua fluência é impressionante!

Moriyama: Aprendi na convivência, falando errado e sendo corrigido. No início, em 1998, minha esposa falava japonês, então usávamos muito nossa língua. Mas, em 2000, decidi focar no português, especialmente por causa do trabalho na agência. Traduzi muitos documentos e fui aprendendo aos poucos.

O senhor mencionou que foi para Nagoya em 1992. Já tinha contato com brasileiros antes disso?

Moriyama: Não, meu primeiro contato com estrangeiros foi em Nagoya. Onde eu nasci, não havia estrangeiros. Quando conheci brasileiros pela primeira vez, achei interessante e aprendi muito sobre a cultura e as histórias de vida deles.

Moriyama em 2010 e em 2004

Ingresso na Fujiarte e desafios no recrutamento

Como foi seu envolvimento inicial com a Fujiarte?

Moriyama: Conheci a Fujiarte em 2004, enquanto trabalhava em outra agência. Em 2011, fui convidado para trabalhar diretamente com eles, como gerente comercial. Meu papel era entrevistar candidatos e apresentá-los a empresas japonesas. Naquele período, muitas empresas japonesas começaram a expandir suas operações no Brasil, o que gerou uma grande demanda por profissionais bilíngues.

Diferenças culturais e vida entre Brasil e Japão

A cultura da Fujiarte do Brasil é semelhante à do Japão?

Moriyama: A essência da cultura é a mesma, mas no Brasil adaptamos muitas coisas. As leis trabalhistas brasileiras são diferentes, e o diretor japonês precisa se acostumar com isso. Por exemplo, explicar o 13º salário ou o mês de férias é sempre interessante, pois são conceitos novos para eles.

E hoje, onde prefere estar: no Japão ou no Brasil?

Moriyama: Já me acostumei ao Brasil. Aqui, sinto que estou em casa. Gosto do ambiente descontraído e das conversas no escritório, algo bem diferente do Japão. Quando vou ao Japão, fico feliz em visitar, mas sempre quero voltar logo para o Brasil.

O que mais aprecia no Brasil?

Moriyama: A liberdade e o calor humano. O ambiente de trabalho aqui é mais leve e acolhedor. Apesar das diferenças culturais, aprendi a valorizar o que cada país tem de melhor e me sinto muito grato por poder viver e trabalhar aqui.

A comunidade nikkei e o impacto da imigração asiática no Japão

Sua esposa é sansei. Isso influencia a forma como vê a comunidade nikkei no Japão?

Moriyama: Sim, minha esposa é sansei e está na faixa dos 50 anos. Quando olhamos para a comunidade, vemos que os sansei já estão envelhecendo e há menos jovens nessa geração. No entanto, os yonsei, que cresceram no Japão e frequentaram escolas como shōgakkō, chūgakkō e kōkō, têm ganhado espaço. Muitos até concluíram o ensino superior e se estabeleceram no Japão.

Com a esposa durante o evento da empresa

Os yonsei têm mostrado interesse em trabalhar no Japão?

Moriyama: Com certeza. Já tivemos casos de yonsei que começaram a trabalhar conosco, conheceram outras pessoas da comunidade e se estabeleceram aqui. Porém, há desafios, como a questão do visto. Se o governo japonês liberar permissões semelhantes às dos sansei, acredito que isso incentivará mais yonsei, jovens de 20 a 30 anos, a virem para o Japão.

O recrutamento e o futuro da Fujiarte

Qual é o foco da operação da Fujiarte no Brasil?

Moriyama: Nossa principal função no Brasil é recrutar mão de obra para trabalhar no Japão. Também atuamos com empresas japonesas no Brasil, conectando trabalhadores que já têm experiência com a cultura japonesa. Cerca de 90% das pessoas recrutadas vão para o Japão.

Como funciona o processo de recrutamento?

Moriyama: Antes da pandemia, realizávamos entrevistas presenciais, visitando até as casas de candidatos no interior de São Paulo. Fora do estado, usávamos vídeos. Com a pandemia, adotamos ferramentas como Zoom, Google Meet e WhatsApp, o que nos permitiu atender candidatos de lugares mais distantes, como Manaus. Hoje, tudo é feito virtualmente.

Mensagem final e comemoração dos 20 anos da Fujiarte do Brasil

A Fujiarte está se preparando para celebrar 20 anos. Pode nos contar mais sobre isso?

Moriyama: Sim! Em fevereiro de 2025, vamos comemorar nossos 20 anos com um evento especial. Vamos reunir parceiros e colaboradores para um jantar comemorativo. Será uma oportunidade para celebrar todas as conquistas e reforçar os laços que construímos ao longo desses anos.

Moriyama durante a cerimônia de 20 anos da empresa no Brasil

Para encerrar, qual mensagem gostaria de deixar para os leitores?

Moriyama: Minha mensagem é que todos busquem trabalhar com dedicação e propósito. Não vejam o trabalho apenas como uma obrigação, mas como uma oportunidade de crescimento e aprendizado. E, principalmente, mantenham a mente aberta para novas experiências. No Japão, aprendemos muito com os pequenos detalhes – a educação, a cultura, as estações. Aproveitem cada momento e busquem a abundância em todas as áreas da vida.

A conversa com Moriyama trouxe reflexões valiosas sobre trabalho, cultura e a relação entre Brasil e Japão. A Fujiarte, com sua filosofia diferenciada, segue sendo referência para aqueles que desejam trilhar um caminho de evolução pessoal e profissional.

Leia a matéria sobre os 20 anos da Fujiarte no Brasil aqui

Share the post

Related Posts

Entrar

Preencha as informações abaixo para login ou registro

Formulário de Cadastro

Login

Fill up the following to login or registration

Registration form

The Company Fujiarte Co. Ltd
(Drawn up on February 28, 2023)
CEO Hirao Takashi
しょうぞうけんりようしょうだくしょ
肖像権利用承諾書

Consent to Use Image Rights

I declare that I have read and understood the contents of this document, agree to its terms and conditions and authorize the company Fujiarte Co. Ltd to make use of my image (below as shooting date), through the use of photos, images, videos, audio recordings, statements, copyrighted materials (below as photos and others.), obtained under the conditions described below:
1. The photos taken on the date (the date they were taken) may be used free of charge by the company, and I also authorize the act of editing, correcting or making adaptations within the Internet network. I also authorize their publication in printed media for as long as I remain an employee and/or even after I leave the company. With regard to this authorization for the use of images, if it is agreed for an indefinite period, if there is a request for termination of use, I request that it be terminated as soon as possible by the company.
Purpose: Publication in internal newsletters, operations reports and company activity reports.
Publication in advertising media with the aim of publicizing the company.
Postings on video exhibition sites and other applications (You Tube, Tik Tok)
Publication on social networking sites and blogs managed by the company.
Period: No fixed period.
2. As a consequence of the use of my image and other information referred to in the previous paragraph, I agree that personal information, such as name, age, gender, and other personal information (excluding residence and telephone number) may be disclosed or provided (e.g. in publications related to the promotion of the company).
3.In the termination of the use (collection) of personal data determined as Rights of images obtained by the company and/or persons or companies appointed for the administration of Home Page, Web Site, SNS, I will not make any other demands or claims against the company, for other acts or omissions. As for the promotion of legal actions for violations of photos and others by third parties, it will be my sole responsibility and at my own expense, not requesting any intervention by the company.
4. Provided that the two conditions set out in the two preceding paragraphs are met, I personally, or through a third party, will not raise any objections regarding the use of the image rights on the basis of this consent form.